terça-feira, 29 de outubro de 2013

Essa é para 2010

De um tempo que me pareceu prematuro,
um fim errado?
de um lastro, rasgo, feio meio solto e sem porque
fiz poema, e música fora de tom,
dai veio a vida, e outra voz para cantar
e hoje a melodia solta embala outra história,
e nem prendeu memória, e nem perdeu ficar...

(Karen Simões Corrêa - Porque algumas respostas mesmo que evidentes, só fazem sentido no depois, e as vezes quando as perguntas já não nos importam)

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Enquanto ela atravessava a rua, e seguia para o outro lado sem olhar para trás eu me lembrava daquela frase que uma vez me disseram e definiu muita coisa pra mim: “Ela tem um olhar triste, acho que vc gosta disso.”. Nunca reparei que era isso que me fixava naquele olhar. De fato ela tem esse olhar triste mesmo.
Eu gostava dela, tinha um carinho grande embora o tempo fosse pouco, e a lida curta. Nunca fui mesmo de dar ao tempo a cadeira de juiz do meu querer. Quando eu quero é “mesmo” e não “tanto faz”. E a vida da gente tem mesmo esse trilho certinho? Nunca, e se tivesse descarrilava. Não vi o olhar naquela hora, mas me lembro bem. Mesmo que o que eu quisesse fixar em mim no fim fosse o sentir daquele último abraço. Inteiro, grave, demorado e quente. Como últimos abraços devem ser, mas sempre com um espaço pra saudade, pra se querer mais abraços e para querer mais histórias para contar.
Fato é que o que ficou depois daquele abraço, dessa memória da tristeza do olhar e da imagem dela atravessando a rua sem olhar pra trás foi essa vontade de mais histórias pra contar...
E eu sempre de caneta em punho.

(Texto de Karen Corrêa / Desenho de Carina Venturim)