Sou
negligente com o amor
Amo música,
mas meus cds não estão arrumados
Eu nem
compro todos que quero,
Acho que os quero
deixar livres
Nem o que
tenho em meu computador está catalogado.
Ou obedece qualquer regra.
Minhas listas
são exemplo de minha omissão
Cheias de vagas,
coisas que
ainda quero, mas que deixo para depois
Às vezes até
não querer mais.
Porém,
quando ouço sou só entrega.
Ou um suspiro guardado no fundo, solto devagar.
Minhas próprias
músicas estão por ai
Espalhadas
em folhas de caderno
Escritas com
uma letra corriqueira e mal tratada
Pela fluidez
de meu pensamento que não permite zelo
Nas costas
do violão.
Gravadas amadoramente,
Porém quando
as toco, é com alma, pois as fiz de pedaços meus.
Meus livros
estão espalhados pelo quarto, e pela vida.
Em outras
casas alguns deles até encontraram outros donos
Mas meu amor
é apegado, e eu ainda os chamo de meus.
Acho que o que
eu tenho também me possui um pouco
Ou muito
Talvez
inteiro
O que eu não
sei é aprisionar o amor
Não sei
catalogar,
Não sei
colocar em listas.
Não sei
colecionar.
Mesmo minhas
ordens de prioridades não são comuns
Não aprendi
a taxar o amor
Não aprendi
a ter posse no amor
Não sei amar
por contrato
Só por
escolha
Por
admiração
Não sei controlar e nem quero
Então se eu ficar quieta não é falta de amor
É só ele me pedindo o tempo de ser.
Se eu te deixar solta, não é falta de interesse
É ele me aconselhando a te deixar querer.
Se eu ficar em silêncio, não é por não querer te falar
É meu tempo de te ouvir.
Só sei amar
assim,
Solta,
inteira e intransitiva.