Ah essa
nossa incompletude
nos mata aos
poucos,
muito mais eficaz
que o passar do tempo.
A gente só é
quando gêmeo em algo.
Quando acha
o sentido e o fluxo.
Para uns é a
vontade de alcançar o outro.
de chegar
lá…
é a mão dada
Essa nossa
eterna inocência em ser resposta, só por não poder lidar com incapacidades
As tais mãos
atadas doem como a cruz.
As vezes não
podemos.
As vezes não
tocamos,
as vezes
nosso amor não tange o do outro,
não se tocam
esses círculos,
as vezes não se cruzam,
não viram
esse infinito.
Li alguém
falar a um suicida,
um estender a
mão depois do fim,
A tentativa pretérita
falida
Como se
fosse possível atrasar aquele tempo.
Como se
fosse dor.
Sentir é
viver, não se morre na dor.
A gente
morre é no vazio
As vezes tão
grande que o outro não preenche.
Não alcança
Paralela
Indagou-se a
agonia: “e se espalhássemos amor?”
Respondeu a
verdade: “por você ou para o outro? Dê a sua compreensão, dê espaço. Saque a
razão do bolso, e guarde-a junto ao peito que as respostas valem nada no depois”.
Espalho amor?
Espalho,
jogo na cara do mundo para não morrer de inanição,
de palavra
presa,
de amor
acumulado, ou sufocado sem se dar.
Transbordo
sim
transbordo
para ser.
Quando se deixa
ser vazio, o alívio de não ser nada, é maior que a compaixão.
Suprime
lógica, invalida a razão.
Quem não tem
amor pra si não se toca com amor do outro…
(O texto acima é resposta ao texto "Sobre Ausências" de Paola Giovanna, publicado em 27/06/2014 )