Tenho
escrito compulsivamente
Virou um
vício,
Um remédio
para dor de estômago
Para irritação
na garganta
Para os
nervos
Converso
comigo nesses textos
Ainda não
sei se me busco neles
Sei menos
ainda, se nesses diálogos comigo
As respostas
são ao menos, respostas.
se insisto
para revê-las
Ou para me convencer,
e acalmar
Pingos de paz
no meu dia
Percebi que
enquanto escrevo não travo os dentes
Minhas mandíbulas
agradecem
Linguagem é
ponte
Mas também “hiata”
relações
Já briguei comigo
por coisas que me disse
Pelo que me
fiz crer.
E há vezes
que não consigo me responder
Porém, me
perdoo ao visitar essas letras e entender minhas urgências e falhas
Hoje em
especial queria me confortar
Sem remoer
erros, desculpas, farpas.
mesmo que ainda
fique de joelhos
as vezes
Penso também
que deveria me arriscar nas “dobras que apuram o silêncio”
Por hora
fico com a acolhida desse papel
Que me
aceita como escrevo
Posso me calar,
Mais tarde
quando me
expressar deixar de ser
Esse balsamo
banhado a ouro.
E a curva da
noite se fizer num ponto.
Quando as
letras desenharem abismos.
("dobras que apuram o silêncio" - trecho tirado do livro "Finita" de Maria Gabriela Llansol.)